sexta-feira, 20 de junho de 2008

O livro.


Ah, eu fiquei pensando por um intervalo de tempo por que diabos havia tantos livros na minha estante. Eu li muitos, mas nem a metade, talvez pela metade cada um que eu li. A importância daquilo já não era tão grande quanto eu achava que pudesse ser. Notei que no meio de tantos livros tinha uns que eu tinha lido, relido, gostado, desgostado, gostado de novo, folheado e enfim... Tá, fui dormir.
No outro dia, final do dia, noite escura, noite de frio, noite de bar, noite de vinho. Coloquei um livro o qual eu estava lendo em cima de um freezer que figurava na minha frente. Depois de um tempo, vieram pessoas perguntar sobre o que era o livro, ou argumentar a favor ou contra. De repente me veio o estalo, perfeito! Uma pergunta estranha, mas comum, adveio à minha mente: o que eu gostaria de ser realmente se eu não fosse eu (note o teor de maionese)? A resposta veio num instante e me pareceu tão óbvia: um livro. É, livro. L-I-V-R-O.
Fiquei pensando naqueles coitados estáticos da minha estante, muito empoeirados por sinal. Cheguei à conclusão de que pra cada um daqueles livros, há um leitor fascinado. Um alguém que o lê, relê, o cita, o venera, não dá bola pras críticas pejorativas...

Imagina agora seres um livro desses, do tipo preferido. És misterioso, complicado, surpreendente... Ler um livro uma, duas vezes, não é o bastante pra entender o que está escrito. Depende do dia que tu teve, dos acontecimentos, da visão de mundo... Eu queria ser daqueles livros que, quando relidos, apresentam uma realidade diferente do que meu leitor tinha quando me leu da primeira, ou da segunda, ou da terceira vez. Folheados, tateados, com prazer. Por mais em stand-by que eu estiver na estante, vou estar ativo no pensamento de alguém. Haverá sempre uma opinião formada sobre mim que não se abalará com críticas alheias.
Quando ele me lê, viaja junto comigo, dou-lhe momentos de prazer, momentos diferentes a cada folha, a cada leitura (releitura...). Ser levado pra todos os lugares: praia, serra, consultório médico. A companhia perfeita pra qualquer hora, sirvo pra relaxamento. Não quero ser um personagem de jeito algum, quero ser o cenário ao qual ele está envolvido, o local onde tudo acontece, os muros da fronteira sem demarcação. Eu quero ser um livro, enfim, quero ser relida com carinho na ponta dos dedos de quem sinta a diferença em estar comigo. Adote um livro, tenha um no coração.


no radinho: Sonífera ilha

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi, diii! que texto lindo! reflexão total... beijos, mah